No futuro, óculos revestidos com um composto de lítio podem possibilitar que os usuários vejam com clareza em ambientes escuros. Por mais de dez anos, cientistas têm buscado pelo melhor material leve capaz de transformar luz infravermelha – que não é visível ao olho humano – em luz visível. O objetivo é substituir os óculos de visão noturna, que geralmente são pesados e volumosos. Até pouco tempo atrás, o principal candidato era o arseneto de gálio. No entanto, Laura Valencia Molina e seus colegas da Universidade Nacional da Austrália, em Canberra, descobriram que um filme feito de niobato de lítio com revestimento de grades de dióxido de silício apresenta um desempenho ainda melhor.
“As melhorias no design e nas propriedades do material nos possibilitaram alcançar uma taxa de conversão de luz infravermelha para a visível 10 vezes maior em comparação com o filme de arseneto de galio”, afirmou Maria del Rocio Camacho-Morales, membro da equipe da Universidade Nacional da Austrália. Através de uma série de experimentos, a equipe conseguiu demonstrar que o filme de niobato de lítio é capaz de converter imagens de alta resolução de luz infravermelha com comprimentos de onda de 1550 nanômetros em luz visível com comprimentos de onda de 550 nanômetros. Isso supera a capacidade do arseneto de galio.
Óculos de visão noturna necessitam de partículas de luz infravermelha, conhecidas como fótons, para atravessar uma lente e um dispositivo chamado fotocátodo para convertê-los em elétrons. Esses elétrons, por sua vez, são transformados em fótons de luz visível ao passar por uma tela de fósforo. Todo esse processo requer refrigeração criogênica para evitar a distorção da imagem. De acordo com Molina, o filme de niobato de lítio é atingido pela luz infravermelha emitida por um objeto, que também é iluminado simultaneamente com luz laser. O filme combina a luz infravermelha e o laser, e este último aumenta a frequência do primeiro, convertendo-o em luz visível. Camacho-Morales sugere que um filme mais fino que o filme plástico poderia ser feito utilizando niobato de lítio e grades de dióxido de silício, que poderia então ser revestido sobre óculos comuns para melhorar a visão noturna.
Apesar de ainda estar em estágio de pesquisa, o laser foi programado para ser facilmente apontado para o filme próximo à luz infravermelha emitida por um objeto. A equipe está atualmente realizando experimentos para desenvolver uma matriz de nanolasers que possa ser colocada sobre o filme de niobato de lítio. Essa pesquisa é um passo importante em direção a dispositivos de visão noturna leves e possivelmente um filme que poderia ser aplicado em óculos comuns. Além disso, poderia auxiliar drones a navegarem no escuro, já que os equipamentos de visão noturna atuais são muito pesados para serem transportados por alguns desses veículos.
