Tecnologia

Injustiças e Falhas na Ciência Forense Reveladas por Casos Emblemáticos

Novas pesquisas na área de Ciência Forense sugerem que Charles Don Flores pode ser inocente. Ele está no corredor da morte do Texas desde 1999, após ser condenado por um assassinato. De acordo com o psicólogo John Wixted, da Universidade da Califórnia em San Diego, novas pesquisas sobre memória demonstram erros fundamentais no processo de identificação que levaram à acusação de Flores. O crime ocorreu durante uma tentativa de localizar dinheiro proveniente do tráfico de drogas. Uma testemunha ocular descreveu dois homens brancos, com cabelos longos, saindo de um Volkswagen Beetle e entrando na casa onde o assassinato aconteceu. Flores, que é hispânico e tem cabelo curto, não se encaixava na descrição fornecida. Contudo, as autoridades policiais inseriram uma imagem dele em uma fila de identificação, exibindo-o de maneira proeminente.

No início, a testemunha não conseguiu identificá-lo. Somente após ver a foto de Flores na televisão, meses depois, ela começou a acreditar que ele era um dos homens que entrou na casa. Wixted defende que o primeiro reconhecimento, no qual Flores não foi identificado, é a prova mais confiável de sua inocência. Desde 2013, o estado do Texas tem uma lei que permite a revisão de casos com novas evidências científicas, no entanto, até o momento, as autoridades não reabriram o caso de Flores, apesar dos esforços da advogada Gretchen Sween. A ciência forense tem sido questionada em diversas frentes. Técnicas como a análise de marcas de mordida, amplamente utilizadas desde a década de 1970, foram desmascaradas como não tendo fundamentação científica.

A avaliação de marcas digitais, previamente considerada infalível, está sendo revisada. Em 2004, Brandon Mayfield foi equivocadamente identificado como suspeito de um atentado em Madrid, evidenciando a falibilidade dos bancos de dados de marcas digitais. Ferramentas como Xena e FRStat foram criadas para aprimorar a precisão na análise de marcas digitais, calculando a probabilidade de correspondência entre elas. Apesar dos avanços, muitos especialistas ainda relutam em adotar essas novas tecnologias. O DNA, um dia considerado como prova irrefutável, agora é extraído de quantidades mínimas de material biológico, gerando questionamentos sobre a origem e o momento de sua deposição.

O caso de Amanda Knox foi complicado por um problema, pois ela foi inicialmente condenada e depois absolvida por falta de evidências robustas de DNA. Embora as mudanças na ciência forense sejam lentas, casos como o de Miguel Solorio demonstram que a nova ciência da memória pode corrigir erros cometidos no passado. Solorio foi sentenciado com base em identificações contaminadas por múltiplas linhas de reconhecimento, mas novas análises comprovaram sua inocência, levando à sua libertação após 24 anos. A justiça está começando a reconhecer a importância de atualizar técnicas forenses obsoletas, embora ainda haja um longo caminho a percorrer para garantir que a ciência seja aplicada corretamente nos tribunais e que os erros do passado sejam reparados.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo